A ÓTICA PELA CÂMERA


    "Eu como câmera, posso ser facilmente analisável como um objeto inanimado: um pedaço de plástico com outros componentes de matéria, que permite que a entrada da luz gere uma reação química no meu camarada filme e capte uma imagem. Mas também sou analisável como a vontade de eternizar emoções instantâneas ou momentos que nunca se repetirão da mesma forma. Sou certamente a nostalgia em uma de suas mais puras formas e sou também a catalisadora de outros mil sentimentos. Devo, porém, ser manuseada com cautela. Um movimento brusco já é capaz de me deixar tonta e me fazer distorcer a imagem que crio. Não sou de pouca duração, já vivi várias décadas e sou até mais velha que meu atual dono, mas necessito de energia para me manter ativa. Sou imperfeita e reconheço que outras versões mais novas de mim possam ser mais confortáveis de lidar, mas é na minha imperfeição que se encontra o meu apelo e o meu charme. Por fim, sou a pura vontade do ser de não se desapegar ao seu passado e à vida."

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