OBJETO COMUNICACIONAL (1º DESENVOLVIMENTO)

A mimetização do toque - ou ao menos sua percepção - é um dos mais relevantes desafios quando se pensa em algum modo de se emular digitalmente a realidade tal como ela é. Fato é que o isolamento social escrachou na cara daqueles que propuseram a se valer de instrumentos digitais que imitam o contato um certo grau de distanciamento psíquico do outro causado pelo emolduramento retangular 16:9 típico das conferências audiovisuais ao vivo. Por conseguinte, é hábil ressaltar que não existem, no mercado, mecanismos digitais democráticos que consigam representar de maneira satisfatória as características da convivência pessoal para além da imagem e do som. O mercado não previu uma pandemia e uma pandemia acabou por privar o homem de uma das ferramentas de interação social mais intrínsecas ao ser, a saber, o tato.

A proposta desse exercício é a elaboração de um par de luvas (convenciona-se o nome, apesar de não compartilharem nenhuma funcionalidade com aquilo que batizou o objeto) táteis capazes de mapear e reproduzir os movimentos, bem como texturas e temperaturas, de uma luva A para a sua dupla idêntica B, esta configurada enquanto passiva na ação da transmissão - teoricamente recebendo o output - e aquela funcionando como o transmissor ativo, que recebe o input. Nesse cenário, é funcional que se distribua um objeto para cada um dos usuários, que idealmente driblariam a distância e gozariam da possibilidade de si comunicar através de contato físico à distância, o que implica a necessidade de uma flexibilização no ajuste da configuração ativo/passivo.

As integrações dessa funcionalidade na tentativa de uma maior aproximação da realidade em quaisquer simulações digitais são bastante amplas e compreendem um espectro que varia desde atividades de lazer a motivos propriamente técnicos, a título de exemplificação, uma espécie de assistência técnica remota executada de maneira mecânica.

Na prática, o objeto em questão poderia ser desenvolvido com a ajuda de sensores de calor e de pressão, os quais receberiam os inputs relacionados à temperatura e textura, os quais exerceriam papel de coadjuvantes para o mais essencial receptor para o funcionamento das luvas: o de movimento.

Pedro Foureaux

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